Bíblia x Corão
Qual é a palavra de Deus?

Cristãos e muçulmanos possuem suas crenças, cada uma delas, baseada nas revelações divinas, compiladas em um livro, a Bíblia para os cristãos e o Corão para os muçulmanos, Alguns relatos distintos dos livros parecem similares, mas as divergências nas suas doutrinas comprovam que a base da fé de ambos tem se tornado motivo para ações conflituosas, entre as duas maiores religiões do mundo.
Qual é a verdadeira Palavra de Deus? Buscar reflexões críticas, implicam num risco de contestar a Palavra de Deus? Estas perguntas tornam-se complexas pela dificuldade do momento em que os questionamentos, podem parecer pôr a integridade de ambos à prova. Não é minha intenção, escrever uma lista de evidências proféticas, arqueológicas, textuais de manuscritos, previsões científicas, ou de testemunhos pessoais e oculares para comprovar ou não, a autenticidade de ambos. O que trago aqui é uma reflexão sobre a liberdade que o ser humano tem de questionar, na busca da construção de uma base sólida, na procura por respostas, que fundamentam o crer.

Semelhanças e grandes diferenças

Aparentemente algumas coisas existem em comum, entre os dois livros, ambos são considerados livros divinamente inspirados, e proclamam a existência de um único Deus (Êxodo 20:3 / C40:65). Os livros falam da misericórdia divina (Romanos 9:16 /C1:1), de um Dia do Juízo (Mateus 12:36 /C1:4), da Onisciência de Deus (Jó 12:13 /C6:59), da Criação feita em seis dias (Êxodo 20:11 / C50:38) e da Ressurreição (João 11:25 / C23: 15-16). Adão, Noé, Abraão, Moisés, Aarão, Jesus e Maria são personagens, que também aparecem no Corão, mas suas histórias não coincidem exatamente com aos relatos bíblicos e por isso, os muçulmanos afirmam de forma tendenciosa, que a Bíblia foi deturpada, mesmo o Corão afirmando que a mesma é de confiança para ser consultada (C10:94). Há grandes diferenças tanto nos relatos históricos quanto na profundidade dos aspectos cruciais da fé cristã comparadas ao do islã, como por exemplo, a identidade de Jesus como Filho de Deus e a Sua missão salvadora, para com toda humanidade (João 3:16), que para os muçulmanos Jesus era somente um profeta (C19:19).
A Bíblia e o Corão são livros, que servem como manual de vida para os que o seguem, nós quais, fiéis fundamentalistas criaram regras e costumes, como conduta moral, que muitas vezes são considerado exagerados pela imposição, e a interpretação incoerente, trazendo consequências tais como, a falta de liberdade, de conhecer mais sobre a fé que professam. A intolerância, a violência e a falta de amor tem se tornado um cotidiano frequente para aqueles que se dizem proclamadores do amor, e da paz.

Conflitos e debates históricos

As diferenças de crenças e ideologias, tem causado grandes conflitos entre cristãos e muçulmanos há quase 1400 anos, passa pela época das Cruzadas até os dias atuais com as notícias frequentes das mortes de cristãos por muçulmanos radicais ao redor do mundo por não negarem a sua fé.
Ao longo da história podemos observar também que o cristianismo, passou por intensos debates a respeito de suas doutrinas, um marco na história foi a Reforma Protestante, que possibilitou uma revolução no mundo cristão, resultando em mais acesso as leituras bíblicas e pesquisas, que foram expostas evidências que comprovam a Sua autenticidade. Sempre houve um esforço dos cristãos em entender a fé e seus processos, por causa da base central do cristianismo, ser o relacionamento entre a criação criada e o seu Criador, a Bíblia tem sido a principal ferramenta para a comprovação da sua veracidade e fé cristã. Já no islamismo os assuntos que surgiam para debates foram reprimidos por fanáticos, sendo considerado “shirk”, ou o mesmo que heresia. Basta qualquer demonstração de desrespeito para com o Corão e o seu profeta, questioná-los é uma delas, para que aconteçam atos violentos.
Mas o por quê do medo de duvidar, questionar? Será a verdade propriamente dita?

A dúvida como aliado da fé

A dúvida está presente em nosso dia a dia, e mostra o anseio espiritual, a fragilidade e a limitação humana. A dúvida pode ser vista por uma perspectiva positiva na busca por respostas e nos aproximar mais de Deus. O perigo não é duvidar, mas sim, permanecer nela que induz a um afastamento de Deus, e frustrando a tentativa de encontrar as respostas a partir de si mesmo (Tiago 1:6).
Alister McGrath afirma que a dúvida é um convite para o crescimento e para o relacionamento, é um convite para crescer na fé e no entendimento, e não algo que deva nos levar ao pânico ou à preocupação. Questionar pode nos libertar (João 8:32) de uma profusão de crenças e práticas anacrônicas por veze letais. Deus nos fez criaturas livres e a nossa liberdade em Deus não pode ser opcional.
Não encontraremos na ciência, todas as respostas, mas é possível que encontremos em nossas experiências com Deus, e como aplicamos na prática com o próximo, independente da diferença de crença ou a falta dela.“Conhecer a Deus e prosseguir em conhecê-lo é muito mais do que apropriar-se das letras, é relacionamento.” Deus atuou na história e permitiu expor evidências (Sua criação, Jesus e a Bíblia) que nos possibilitam O conhecer. A fé é um ato de pensar, no conhecer e entender (Provérbios 9:10), no pensar e refletir, um processo estimulado em nós na construção do crer por meio da Sua palavra. Permita-se perguntar, questionar e até duvidar. Assumir tais posturas legítimas do ser humano é uma grande oportunidade de aprofundar o relacionamento com O transcendente em uma vida completamente imanente, real, cheia de desafios, mas também sedenta por vida abundante que na Bíblia aprendemos com a vida vivida e compartilhada na pessoa do Jesus de Nazaré.

Bibliografia

– HIRSI ALI, Ayaan. Herege: Por que o islã precisa de uma reforma imediata. Companhia das Letras, 2015.
– MCGRATH, Alister. Como lhe dar com a dúvida, sobre Deus e sobre você mesmo. Ed. Ultimato LTDA, 2008.
– Texto da Teóloga e Pedagoga, Kezzia Cristina Silva. FUNDAMENTOS DA FÉ CRISTÃ E SUAS IMPLICAÇÕES PARA A VIDA.

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