República Árabe Síria
(Al Jumhuriyah al Arabiyah al Suriyah)

HISTÓRICO

Com o fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a França – uma das potências vencedoras do conflito – herdou o mandato sobre a porção norte de uma das regiões do Império Turco-Otomano; a Província da Síria. Sendo assim, coube àquele país a administração da região até o dia 17 de abril de 1946, quando os sírios conquistaram a sua independência.
Desde então, alguns fatos foram responsáveis pela construção do país em questão; veremos os principais. Em fevereiro de 1958, Síria e Egito se uniram e criaram a República Árabe Unida, entretanto, o projeto durou menos de quatro anos, isto é, a República Árabe Síria foi restabelecida em setembro de 1961. Na década posterior – em novembro de 1970, para ser mais específico –, Hafiz al-Assad (Partido Ba’ath) tomou o poder por meio de um sangrento golpe de Estado. Com a sua morte, seu filho Bashar al-Assad o sucedeu após a aprovação em um referendo popular, em julho de 2000.
O final do ano de 2010 e o início de 2011 sinalizaram um período delicado na história recente da Síria, e isso porque parte da sociedade estava insatisfeita com problemas domésticos como corrupção; repressão política à certos setores e determinadas etnias; e desemprego em ascensão. Um dos motivos que levaram ao estopim dessa crise foi um episódio que se deu em março de 2011 quando manifestações políticas estavam se tornando latente. Na ocasião, adolescentes foram presos e torturados pela polícia por terem pintado mensagens contra o governo no muro de uma escola na cidade de Deera, no sul do país.
Toda essa situação gerou muita revolta aos civis e ativistas, que revidaram; o governo de al-Assad, por fim, respondeu com o aumento da repressão, que já se encontrava em níveis não aceitáveis. O governo pretendia “esmagar” o que foi definido por ele mesmo como sendo “terrorismo apoiado por estrangeiros”, a fim de retomar o controle da situação. No ano seguinte, os conflitos tomaram uma proporção fora de controle e em âmbito nacional – Damasco, capital do país, e Aleppo entraram na rota das batalhas.
As estatísticas de março de 2019 indicam que cerca de 223.161 civis já foram mortos no conflito, sendo que desse total 28.486 são crianças e 27.464 são mulheres adultas. Há também relatos de prisões arbitrárias, que já alcançaram a marca de 143.176 casos, bem como de desaparecimentos sem qualquer notícia e motivos aparentes: esses já contabilizam 95.056 casos.

 

DADOS IMPORTANTES

A Síria – uma república presidencialista com um regime autocrático – está localizada na região do Oriente Médio, tem saída para o mar Mediterrâneo e faz fronteira com o Líbano e a Turquia. À título de curiosidade, Damasco, a capital do país, situada em um oásis alimentado pelo rio Barada, é tida como uma das cidades habitadas mais antigas do mundo.

Dados de julho de 2018 indicam que o país tem uma população de 19.454.263 habitantes, sendo que estes se dividem, etnicamente falando, entre árabes (50%), alauítas (15%), curdos (10%), levantinos (10%) e outros (15%). Já no âmbito religioso, 87% da população se diz muçulmana, sendo que esses se subdividem entre sunitas, alauítas, ismaelitas e xiitas – em ordem de grandeza numérica; 10% se declara cristã enquanto os drusos são 3%.

 

AS PARTES DO CONFLITO

Para entender melhor a temática de Segurança e Defesa Internacional síria no âmbito do terrorismo, é válido fazer uma divisão didática dos grupos terroristas que possuem algum tipo de ligação com o país. Em primeiro lugar, há aqueles que são sírios e que têm suas sedes no próprio território nacional. Além disso, cita-se os que são não propriamente (e apenas) sírios, mas que, apesar disso, militam em prol da causa em questões de cunho político, religioso, cultural e histórico.
Essa segunda classificação conta com dez grupos terroristas e tem como exemplo o Hezbollah, que desde o ano de 2012 foca sua atuação no suporte paramilitar ao governo de Bashar al-Assad na luta contra insurgentes armados. Por outro lado, a ação terrorista síria no próprio país tem sido reivindicada por três grupos: Frente al-Nusrah, Hay’at Tahrir al-Sham (HTS) e Estado Islâmico da Síria e do Iraque (ISIS). Os dois primeiros visam convocar e unificar outros grupos rebeldes sírios, destituir o regime do presidente Bashar al-Assad e estabelecer um Califado na região. Já o ISIS tem como objetivo criar, a partir do Iraque e da Síria, um Estado islâmico que se baseia na interpretação literal da sharia (lei islâmica) e que se expanda gradualmente até alcançar todos os cinco continentes.
Mas os atores internacionais envolvidos nesse complexo jogo de xadrez geopolítico não se resumem aos tais grupos terroristas. Potências mundiais, regionais e militares como EUA, Rússia, Irã, Arábia Saudita e Turquia também estão envolvidos nesse conflito por meio de alianças e coalizões. Os estadunidenses se opõem ao governo al-Assad e ao ISIS – e, como consequência, apoiam grupos rebeldes não extremistas. Já os russos se opõem somente ao ISIS, enquanto a relação com o regime sírio se dá no âmbito diplomático, bélico, estratégico e geográfico. Os persas também são contra os ideais do Estado Islâmico e das milícias muçulmanas sunitas, e possuem alianças de caráter militar, financeira e geopolítica com os sírios – essa última visa a contenção da presença saudita na região. Sendo assim, a Arábia Saudita vai na contramão do Irã, ou seja, faz oposição ao governo de al-Assad e o apoio os rebeldes sunitas. Por fim, o governo turco apoia movimentos rebeldes sírios, a coalizão liderada pelos estadunidenses, e, assim como os EUA, faz oposição ao regime sírio.

 

BIBLIOGRAFIA

https://www.cia.gov/library/publications/resources/the-world-factbook/geos/sy.html
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-37472074
https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/10/151002_siria_xadrez_fd
http://sn4hr.org/blog/2018/09/24/civilian-death-toll/

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