Mas… Afinal, o que é o Estado Islâmico?
Carolina Neris
Em evidência na mídia desde o primeiro ataque à Paris no início do ano, o Estado Islâmico (EI) vem causando terror, dúvida e espanto. Se você assiste ao menos a um noticiário por semana já ouviu a respeito do grupo jihadista, seja por decapitar cristãos, tomar cidades inteiras, quase destruir a Síria ou por matar pessoas e instaurar o pânico na cidade luz.
Para entender melhor essa facção terrorista precisamos voltar no tempo e analisar a concepção, nascimento e desenvolvimento do EI. Antes desta coalizão ser organizada o bando passou por várias fases de construção, inclusive mudando de nome algumas vezes.
Para ficar mais fácil vamos estabelecer uma linha do tempo:
11 de setembro de 2001:
Traga à sua mente a imagem das torres gêmeas sendo atingidas. Aquele foi o primeiro grande abalo no mundo ocidental causado por um grupo terrorista. A partir daquele dia, dois nomes passaram a ser mundialmente conhecidos: Al-Qaeda e Osama Bin Laden, grupo responsável pelo ataque e seu líder. O que isso tem a ver com Estado Islâmico? Tudo! Mais tarde o EI nasceria como um braço da Al-Qaeda no Iraque, com o objetivo de fazer resistência à ocupação americana.
2002:
O jordaniano Abu Musab al-Zarqawi cria o grupo radical Tawhid wa al-Jihad no Iraque.
2003:
Os Estados Unidos da América invadem o Iraque para impedir o suposto programa nuclear iraquiano. A ocupação americana, que resultou na queda de Saddam Hussein, sofreu resistência de vários grupos militares iraquianos, dentre eles o Zarqawi.
2004:
Zarqawi firma aliança com Osama Bin Laden e muda o nome do grupo para Al Qaeda no Iraque (AQI). A partir dessa aliança são lançadas as bases da Al Qaeda no Iraque, que se tornou a maior força insurgente dos anos de ocupação americana.
2006:
Zarqawi morre em ataques americanos e Abu Ayyub al – Masri e Abu Omar al – Baghdadi assumem o comando do grupo, que a partir desse momento é nomeado Estado Islâmico no Iraque (ISI). O ISI foi fragilizado pelas investidas das tropas americanas e pela criação dos conselhos Sahwa, liderados por tribos sunitas que rejeitaram a brutalidade do grupo.
2010:
Morrem os dois líderes da organização. Abu Bakr al-Baghdadi, que havia sido mantido preso pelos EUA entre 2005 e 2009, assume o comando do ISI reconstruindo a organização e realizando múltiplos ataques.
2011:
Começa a guerra civil na Síria. Um duelo entre as forças do ditador Bashar al-Assad, grupos rebeldes, curdos e radicais islamitas.
2013:
Em abril, Baghdadi divulga a fusão das milícias no Iraque e na Síria e criação do “Estado Islâmico do Iraque e do Levante” (ISIS em inglês), fazendo oposição ao governo de Bashar al-Assad.
Em dezembro, o ISIS concentrou-se no Iraque e aproveitou a divisão política entre o governo de orientação xiita e a minoria sunita. Com a ajuda de líderes tribais, conseguiram controlar a cidade de Faluja.
2014:
O ISIS assume o controle de Mosul, segunda maior cidade do Iraque e avança rumo à capital Bagdá. No dia 29 de julho, após ter subjugado várias cidades e localidades, Baghdadi declara a criação do califado (Estado regido pela lei do Islã, a Sharia) e muda o nome do grupo para Estado Islâmico (EI).
2015:
Apenas neste ano o ISIS já promoveu a devastação completa de algumas cidades na Síria e Iraque (destruindo inclusive patrimônios históricos), a decapitação de vários cristãos (exibindo essas mortes com altíssima produção), a queda de um avião comercial Russo, um ataque em Beirute, no Líbano, que deixou ao menos 41 mortos e o ataque em Paris que matou aproximadamente 130 pessoas.
Qual o objetivo do EI?
Estabelecer e expandir o seu califado por todo o Oriente Médio. Além disso, formar conexões no continente europeu e outras regiões do mundo, para realizar atentados que lhes conferiram autoridade por meio do terror.
Estima-se que o grupo e seus coligados tenham controle de aproximadamente 40 mil km² a 90 mil km² no Iraque e na Síria, isso representa a extensão de países como a Bélgica e Jordânia. Cerca de 8 milhões de pessoas vivem em áreas controladas total ou parcialmente pelo Estado Islâmico.
A concepção de Jihad que o EI possui é similar à de outras organizações terroristas. Contudo, o Estado Islâmico é considerado hoje um dos mais perigosos grupos terroristas tendo suas barbáries e números de horror ultrapassados somente pelo Boko Haram. Especula-se que o EI é hoje o que a AL-Qeada não conseguiu ser nem mesmo em seu auge.
Referências:
http://www.ebc.com.br/noticias/internacional/2015/01/estado-islamico-entenda-origem-do-grupo
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2015-11-16/sete-perguntas-para-entender-o-estado-islamico-e-como-ele-surgiu.html
http://historiadomundo.uol.com.br/idade-contemporanea/estado-islamicogrupo-terrorista.htm
http://www.bbc.com/news/world-middle-east-29052144
http://exame.abril.com.br/mundo/noticias/7-coisas-que-voce-precisa-entender-sobre-o-estado-islamico
http://arte.folha.uol.com.br/mundo/2015/12/02/estado-islamico/