Crises na Europa, não somente econômica, tem ocupado espaço nas mídias internacionais ultimamente.

Ciclo do medo: a busca por respostas na Europa

Não é somente a crise econômica na Europa, que tem ocupado espaço nas mídias internacionais ultimamente. O crescente fluxo de refugiados, o aumento do islã e as ameaças do grupo terrorista autodenominado Estado Islâmico, têm preocupado políticos e civis europeus, levando-os a terem opiniões e atitudes extremas como forma de defesa e oportunidade de alcançar seus interesses. Esse movimento do medo, fez surgir mais radicais, ultranacionalistas e xenófobos, aumentando a problemática de encontrar respostas para solucionar essas questões.

Crise de refugiados

O fluxo de imigrantes econômicos e refugiados tem acontecido há muitos anos, pela falta de oportunidade para o desenvolvimento da vida de cada indivíduo, pelos conflitos armados ou por catástrofes naturais, que obrigam as pessoas a deixarem tudo para sobreviverem em um local mais seguro. O que temos visto nos noticiários atualmente tem causado grande comoção internacional pelo crescente número de refugiados que chegam de forma desumana na Europa.
Essa crise humana é resultado dos conflitos e da extrema pobreza de alguns países da África e Oriente Médio, sendo, na sua maioria, sírios muçulmanos que fogem para países vizinhos como Turquia, Líbano e Jordânia. Os quem têm melhores condições financeiras, vão para a Europa. Até chegar ao destino final, os refugiados além da tentativa de sobreviver em meio à guerra e à travessia do Mar Mediterrâneo, enfrentam o medo do preconceito e da violência de muitos políticos e civis europeus, inflamados contra a sua chegada. Muros estão sendo construídos em fronteiras, policiais têm o direito legal de usar armas não letais para conter a “invasão” e ataques a centros de refugiados têm se tornado uma constante em alguns países europeus.

Este movimento do medo tem levado as pessoas a tomarem decisões que têm mudado não só o cotidiano, como também corre o risco de mudar uma estruturação política que trará consequências ainda mais preocupantes no continente Europeu, como o crescimento da extrema-direita na França. Podemos observar essas mudanças através dos discursos xenófobos e preconceituosos de políticos (um exemplo é o candidato à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump) que se aproveitam da situação de medo e insegurança, para influenciar a opinião pública a seu favor, levando as pessoas a cometerem atos violentos e tornando os refugiados “bodes expiatórios” nesses conflitos de interesses.
A maioria dos candidatos asilados que chegou à Europa nos últimos meses tem buscado países que pouco sofreram com a crise econômica, como Alemanha, Áustria e Suécia. Quase um milhão de refugiados estão chegando à Alemanha e se contabiliza que o número de mortos chegue a 3.573, uma média de quase dez mortes por dia, sendo mulheres e crianças os mais afetados.
Esta realidade na Europa não pode fechar os nossos olhos ao que acontece com os refugiados de todo o mundo. Segundo Gabriel Godoy, oficial de Proteção do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) no Brasil: são cerca de 60 milhões de pessoas em deslocamento, a maior crise migratória desde a Segunda Guerra Mundial. Mais da metade dos refugiados são provenientes de apenas três países: Síria, Afeganistão e Somália. No entanto, a crise não está apenas do outro lado do Atlântico: a violência relacionada ao tráfico de drogas na Colômbia, iniciada há mais de 20 anos, produziu um fluxo de 6 milhões de deslocados internos, com mais de 300 mil pessoas expulsas de suas fronteiras.

 

Islã na Europa

O crescimento da imigração e a taxa de fertilidade dos muçulmanos torna significativo o aumento do islã em alguns países da Europa que estão vivendo um dilema por causa da preocupação com o avanço do terror fundamentalista islâmico e com o anti-islamismo que tem atingido os princípios de igualdade, liberdade e fraternidade, não somente dos franceses, mas de todo o mundo. A radicalização tem sido fortemente repreendida pelos políticos europeus, que tomaram como medidas no combate ao terrorismo, a expulsão de muçulmanos de seus países e o fechamento de mesquitas que fazem discursos considerados radicais.
A ideia generalista de que todo muçulmano é um radical, faz com que muçulmanos, tanto convertidos nativos, como imigrantes, sofram agressões físicas e verbais diariamente. Sabe-se que os muçulmanos europeus não estão vinculados ao radicalismo, mas a forma particular de violência coletiva existente no Islã é elemento favorável a uma preocupação generalizada.
Quem ganha com isso é o Estado Islâmico, que recruta jovens para fazer parte do jihadismo e acredita que é uma questão de tempo para os muçulmanos moderados se tornarem radicais, pois não suportarão a humilhação exposta pelos comportamentos anti-islamismo.

 

Guerra ao terror ou guerra de interesses?

Muitos países europeus elevaram seus níveis de alerta, diante da ameaça de novos atentados a países como França, Austrália e Reino Unidos e estão confiando nas suas ações militares em atacar o Estado Islâmico na Síria e Iraque como uma resposta/solução, que consequentemente aumentará o sofrimento dos civis, com mais mortes de inocentes e o aumento do número de refugiados.
A estratégia de ataque do Estado Islâmico na Europa, é atingir alvos simbólicos (passar uma mensagem para o país, como por exemplo, matar civis dos países que representam) em resposta às intervenções realizadas por países europeus nos locais em que o Estado Islâmico tem dominado. Muitos de seus membros já estão na Europa, os chamados “lobos solitários”, radicais ocidentais que reúnem os atores que partilham de ideologias nas redes de comunicação e que passaram algum tempo de treinamento na Síria, têm livre passagem pela Europa e atacam em diferentes lugares simultaneamente, dificultando a prevenção das agências de inteligência. Com isso, o Estado Islâmico alcança seu objetivo de gerar medo e propagar o califado, e as indústrias de armas, bem como o mercado negro crescem, gerando um comércio lucrativo para muitos que fazem parte, direta ou indiretamente, dessa guerra.
Há muita hipocrisia nos discursos de guerra ao terror feito por políticos posicionados contra o Estado Islâmico, porque são eles próprios que acabam financiando esse grupo terrorista que a cada dia se torna mais rico e complexo, podendo assim, fomentar os interesses do capital financeiro internacional.
Vemos com a história, a ineficiência da guerra ao terror. “Dados dos EUA mostram que em 2002-2003, aproximadamente duas mil e quinhentas a três mil pessoas morreram vítimas do terrorismo”. Em 2014 esse número subiu para 32 mil mortes. Então quanto mais se combate, mais cresce, gerando um ciclo sem fim de sofrimento e uma duradoura instabilidade política, econômica e social nos países atingidos.
É necessário que a comunidade internacional repense suas políticas de segurança e integração nesse momento, visando também o “pós-guerra”, de modo a evitar o caos social dentro e fora da Europa, amenizando o sofrimento dos civis e evitando o surgimento de novos grupos terroristas, como no caso do Iraque em 2003, que contribuiu anos depois para o próprio surgimento do Estado Islâmico. A busca por respostas progressistas e sem efeitos colaterais se torna difícil, devido aos principais atores envolvidos recorrerem à guerra como a única resposta que conhecem na tentativa de resolverem quaisquer das suas dificuldades.

 

Bibliografia

Crise de Refugiados
Perguntas e respostas: crise imigratória na Europa – http://www.cartacapital.com.br/internacional/perguntas-e-respostas-crise-imigratoria-na-europa-9337.html

Emergências: A crise não é dos refugiados – http://www.ebc.com.br/noticias/2015/12/emergencias-crise-nao-e-dos-refugiados

‘EI’ infiltra extremistas em barcos de refugiados para Europa, diz Líbia – http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/05/150517_ei_europa_pu
Parlamento húngaro aprova emprego de Exército e armas não letais contra refugiados – noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2015/09/21/parlamento-hungaro-aprova-emprego-exercito-e-armas-nao-letais-contra-refugiados.htm

Islã na Europa

Até 2050, islamismo crescerá 73% e será religião que mais terá se expandido no mundo, diz estudo – http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/40065/ate+2050+islamismo+crescera+73+e+sera+religiao+que+mais+tera+se+expandido+no+mundo+diz+estudo.shtml

Europa enfrenta dilema diante do risco da “islamofobia” – http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2015/01/europa-enfrenta-dilema-diante-do-risco-da-islamofobia-4678753.html

Estado Islâmico

O que leva os jovens a se converter em islâmicos radicais sem alma? – http://brasil.elpais.com/brasil/2015/11/27/internacional/1448646396_908211.html
‘Chuva de bombas’ é suficiente na luta contra o ‘Estado Islâmico’? – http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/11/chuva-de-bombas-e-suficiente-na-luta-contra-o-estado-islamico.html
EUA veem lobos solitários que retornam da Síria como ameaça – http://exame.abril.com.br/mundo/noticias/eua-veem-lobos-solitarios-que-retornam-de-combates-na-siria-como-ameaca-ao-pais
EUA, França e Rússia ‘combatem’ o Estado Islâmico, mas quem financia o terrorismo?, questiona especialista – http://operamundi.uol.com.br/conteudo/samuel/42488/eua+franca+e+russia+combatem+o+estado+islamico+mas+quem+financia+o+terrorismo+questiona+especialista.shtml?utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter
Os argumentos contra e a favor de bombardear o Estado Islâmico – http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/12/os-argumentos-contra-e-a-favor-de-bombardear-o-estado-islamico.html
Assim se prepara uma nova Guerra Mundial – http://operamundi.uol.com.br/conteudo/opiniao/42605/assim+se+prepara+uma+nova+guerra+mundial.shtml

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