Por: Vanessa Miranda

Todo aquele que procura ser efetivo na transmissão do Evangelho sabe da importância da contextualização da mensagem bíblica no processo de comunicação clara da Palavra ao seu interlocutor. A contextualização trata-se do diálogo do evangelismo com a cultura, utilizando os diferentes traços culturais para fazer a mensagem mais próxima da realidade do ouvinte, mas ciente de que nem todo valor cultural é aceitável diante da Palavra de Deus, já que as culturas humanas estão, todas, manchadas pelo pecado.

Assim, uma boa contextualização deve aproveitar-se da cultura como ferramenta para transmissão da mensagem, mas, ao mesmo tempo, deve rejeitar os valores culturais que não se adequem à mensagem cristocêntrica das Sagradas Escrituras. Um bom exemplo desse tipo de contextualização pode ser encontrado na própria Bíblia, na passagem do livro de Atos que narra Paulo, no areópago de Atenas, citando os filósofos pagãos em sua mensagem, criando uma ponte cultural para introduzir o Evangelho.

Questão importante se torna, então, saber quais os limites da contextualização, para evitar o perigo da adoção de práticas culturais e religiosas derivadas de falsos ensinamentos e doutrinas heréticas.

Ocorre que alguns grupos cristãos envolvidos na atuação missionária, em especial entre povos muçulmanos, em prol de uma contextualização da mensagem bíblica, têm absorvido inúmeros traços culturais e religiosos islâmicos, sem questionar a validade e coerência de tais práticas frente aos ensinamentos das Escrituras Cristãs. Entre esses grupos, tem se destacado o chamado “movimento dos infiltrados”.

Trata-se de um grupo de missionários estrangeiros que utilizam como metodologia de contextualização incentivar os convertidos vindos do Islã a permanecerem imersos em seu contexto cultural e religioso. Inclusive, tal grupo não procura implantar novas igrejas, pois entende que a mesquita pode ser vista como local de culto, com a prática das orações rituais (salat) adaptadas à nova realidade do convertido. Do mesmo modo, incentiva a peregrinação à Meca (hajj) e até mesmo a confissão da shahada (confissão de fé islâmica sobre a crença em Allah como Deus e Maomé como seu profeta).

Esses missionários permitem, ainda, que os convertidos continuem a se identificar como “muçulmanos” (“submissos a Allah”), “muçulmanos messiânicos”, ou “muçulmanos seguidores de Jesus”; a crer que Maomé recebeu revelações e pode ser considerado como profeta de Deus; a substituir termos como “Filho de Deus” e “Pai”, no Novo Testamento, por termos menos ofensivos aos muçulmanos, como “Príncipe de Allah” e “Rei”, respectivamente, no discurso evangelístico, utilizando traduções da Bíblia feitas por outros missionários ocidentais que fazem essas substituições; a ler e a respeitar a autoridade do Corão como revelação; dentre tantas outras práticas similares.

Muitos utilizam o chamado “método do camelo”, que consiste em utilizar as histórias e personagens do Corão para anunciar o Evangelho. Buscam realizar uma ponte entre os ensinamentos corânicos e a Bíblia, apesar de ambos os livros serem inconciliáveis. De fato, diversos personagens bíblicos estão presentes no Corão, como Adão, Noé, Davi, Salomão e o próprio Jesus, todavia, as histórias narradas no Livro Sagrado Islâmico divergem, em muito, dos relatos bíblicos. O Corão nega a Trindade, a Divindade de Cristo, sua crucificação e ressurreição, o sacrifício vicário e a doutrina do pecado original, por exemplo.

Todas essas divergências doutrinárias demonstram ser impossível utilizar o Corão e seus ensinamentos como base para a pregação do Evangelho de Cristo. Importante dizer que a própria Bíblia traz dentre suas doutrinas o repúdio a práticas sincréticas, que misturem o culto a Deus com o culto a outros deuses. O apóstolo Paulo, em Gálatas 1:8, também adverte que a pregação de qualquer evangelho diverso do existente nos escritos do Novo Testamento seja considerada anátema (maldito).

Diante da advertência bíblica e da triste realidade por trás de metodologias de contextualização como as utilizadas pelo “movimento dos infiltrados”, cabe a nós, cristãos de toda parte, nos empenharmos na comunicação clara e correta da mensagem da salvação de Deus mediante a obra de Cristo. Um encontro com Jesus pode transformar a vida de todo e qualquer ser humano; mas, para isso, o Cristo ressurreto deve ser apresentado como Ele de fato É. Esse é o nosso papel como comunicadores da sua Palavra.

Em Mateus 16.16, Jesus pergunta a seus discípulos quem eles diziam ser Ele. Nós, que como o apóstolo Pedro sabemos que Ele é o Cristo, Filho do Deus vivo, devemos levar essa verdade e essa esperança aos muçulmanos. A pergunta de Jesus ainda é a pergunta mais importante da história. Quem dizemos aos perdidos que Ele é?

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA:
– Broocks, Rice. Deus não está morto 2: Argumentos e respostas para as principais questões sobre o filho de Deus. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2016;
– Texto: Evangelho e Cultura: pregando o Evangelho em um ambiente multicultural. Autor: Leonardo Gonçalves. Retirado de: http://www.napec.org/apologetica/evangelhocultura/ em 22/02/20017.

  1. 28 de outubro de 2020

    Vanessa, Vc já pregou para um muçulmano?

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