Ao depararmos com tantas informações sobre que recebemos sobre o Islã, corremos o risco de interpretá-las e julga-las a partir de nossos próprios conceitos socioculturais, por isso muitos diálogos e debates sadios se encerram antes mesmo de iniciar. Para que isso não aconteça, precisamos compreender a cosmovisão de uma religião que se expandiu no século VII, no Oriente Médio e que continua atraindo muitos seguidores nos dias atuais ao redor do mundo.

A maneira como o muçulmano vê e entende o mundo é a partir do que lhe é ensinado desde criança, ou após a conversão, através da leitura corânica (ética islâmica), da Suna (tradições de Maomé) e práticas dos pilares do islã: professar a fé, cinco orações diárias, caridade aos pobres, jejum e a peregrinação a Meca.

O Jihad (significa “luta”, “esforço” ou empenho) é considerado um dos pilares da fé islâmica, que são deveres religiosos destinados a desenvolver o espírito da submissão a Deus na prática de disseminar a fé. Também é considerado um termo para embasar a forma como a religião é apresentada às pessoas, algumas vezes, através da imposição religiosa e política (por isso que é tão sonhado a criação de um estado islâmico, um estado regido pelas leis corânicas – “Eis que o teu Senhor disse aos anjos, vou criar um Khalifa na terra” (Al-Baqarah 2: 30)).

A visão de mundo islâmico está fundamentada na crença em Allah (o único Deus que deve ser reverenciado), Maomé (o mensageiro de Deus), e o Corão (a Palavra de Deus entregue a Maomé cerca de 610 d.C.). Essas crenças interferem no modo de pensar e agir de cada muçulmano, principalmente em sua relação com Deus, com as pessoas e com o seu papel na sociedade.

Um muçulmano é submisso a Allah. A existência de todo o muçulmano é para obedecer ao seu criador e no fim de todas as coisas, prestará contas das suas ações à Ele de acordo com as leis corânicas. Após o julgamento, será decidida a entrada para o paraíso ou para o inferno, eternamente.

O profeta Maomé tem um papel fundamental do que o islã era e é atualmente. Por ser considerado um profeta de Deus (por ele mesmo e seus seguidores), suas palavras e atitudes devem ser seguidas por todos os muçulmanos em qualquer época e lugar. Assim como ele recebeu as mensagens de Deus, suas ações são a interpretação do Corão, que desde a sua compilação, acredita-se que mantém sem nenhuma falha e alteração.

Os primeiros muçulmanos lutaram em muitas batalhas contra seus inimigos sob a liderança do profeta Maomé. Desde o século VII até o presente, a história do Islã tem sido de violência, submissão e guerra contra os infiéis (qualquer um que seja ou não muçulmano). O principal interesse ao submeter-se a esses ensinos é a busca de receber a recompensa de Allah e fugir do castigo eterno.

Ter essa estrutura interpretativa inicial, nos mostra o desafio de discernir a cosmovisão islâmica e como ela é justificada. Compreender o propósito dos acontecimentos e ideias na definição quem é o homem, o que ele faz aqui, qual é sua função no âmbito social e qual é o propósito de sua vida, faz surgir questionamentos no caminho da busca do conhecimento, podendo criar um espaço de diálogo e racionalização da fé.

Referência

W. SIRE, James. O Universo ao lado. Ed Hagnos, 2009.
Islamic Worldview and islamic Vision. Publicado em 10 de agosto de 2013. Disponível em http://www.islamicity.org/5433/islamic-worldview-and-islamic-vision/

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