“Muçulmanos amam Jesus! Não posso ser um bom muçulmano
se eu não amá-lo.”
A afirmação acima é verdadeira. Jesus é importante no Islã, é considerado um dos seus maiores profetas e Allah teria dado a ele os evangelhos. Os muçulmanos respeitam Jesus. A grande questão é se o Jesus apresentado no Corão é o mesmo que conhecemos através da Bíblia.
Semelhanças entre o Corão e a Bíblia:
No Corão Jesus é chamado de Issa e é citado em 15 vezes, algumas das quais há determinadas semelhanças com a Bíblia como na passagem referente ao seu nascimento (Sura 19:16-23; 29-33; 3:42-47, 59), a visita de anjos à Maria em que ela é escolhida por Deus (Lucas 1:26-27), Jesus é como Adão e teve um nascimento virginal (Sura 19:20; Mateus 1).
Alguns títulos atribuídos a Jesus também são conferidos a ele no Corão: A Pura Verdade – Sura 19:34 (João 14:6), A Palavra – Sura 3:45 (João 1:1), Apóstolo – Sura 19:31 (Hebreus 3:1), Servo, escravo – Sura 4:172; 19:31 (Isaias 42, 49, 50, 53), Messias – Sura 3:45; 4:71; 5:19; 9:30 (termo usado no NT).
Diferenças entre o Corão e a Bíblia:
O Corão traz algumas informações sobre Jesus que não condizem com os relatos bíblicos. Algumas delas são: uma palmeira abrigou Maria (Sura 19:22-26), ele falou ainda no berço (Sura 19:29-33), quando criança modelava e dava vida à pássaros de argila (Sura 3:49; 5:11), Deus, Maria e Jesus compõem a Trindade (Sura 5:116,).
Muitas dessas histórias corânicas sobre Jesus não se encontram no Novo Testamento. É possível que essas lendas que diferenciam o Jesus do Corão e o da Bíblia, tenham se originado com base nos livros apócrifos e seitas correntes na época de Maomé.
Contudo, o que vimos até agora não são as únicas divergências entre muçulmanos e cristãos. Além de afirmar que Jesus é apenas um profeta, menor que Maomé, e não o filho de Deus, o Islã faz outros ataques à pessoa de Cristo.
Entre os ataques podemos citar quatro principais:
1º ataque: A fonte de estudo para a vida de Cristo está corrompida
De acordo com os muçulmanos a versão deles sobre Jesus é a correta, pois o Novo Testamento teria sido corrompido, adulterado e desse modo não seria uma fonte válida para estudar a vida de Cristo.
Como podemos responder ao primeiro ataque?
Evidência manuscrita:
Os muçulmanos acreditam numa inspiração diferente; para eles o Corão foi perfeitamente preservado, nada está faltando. Caso exista até mesmo uma discrepância mínima no manuscrito, este é considerado corrompido. Assim, eles aplicam esta mesma norma para a Bíblia. Porém, não existem quaisquer manuscritos originais, completos, do Corão escritos no século VII. Esperou-se mais de 322 anos depois de Maomé para estabelecer um manuscrito completo do Corão e é para esse livro, que veio 700 anos mais tarde, que os muçulmanos se voltam para obter informações precisas sobre Jesus.
Em contrapartida, temos múltiplas cópias antigas dos textos bíblicos, 25 mil fragmentos de manuscritos que não divergem na mensagem ou teologia. Pré-datam o Corão, 230 destes. Existem 86.000 citações bíblicas a partir de outros escritos dos pais da Igreja primitiva logo em 150-200 d.C. Todos, exceto onze versículos, foram contabilizados nesses escritos. Não há nenhuma evidência que indique que o texto da Bíblia tenha sido diferente do que temos hoje ou no tempo de Maomé.
Podemos devolver os questionamentos:
Para comprovar sua visão sobre a Bíblia os muçulmanos devem apresentar provas que confirmem sua teoria, tais como: Expor o original não corrompido, denunciar quem corrompeu o original, mostrar quando a adulteração ocorreu e determinar quais foram as alterações a partir do original.
2º ataque: Milagres lendários de Jesus nunca documentados
O Corão e algumas tradições islâmicas apresentam um embelezamento incrível acerca de alguns milagres e do retorno de Jesus. São exemplos disso o relato dele falando no berço ainda bebê e dando vida a pássaros de argila.
No futuro, Jesus retornará como guerreiro da Jihad, no Dia do Juízo. Terá estatura mediana e cabelos ruivos; apedrejará os adúlteros e cortará as mãos dos ladrões. Acabará com todas as religiões, exceto o Islã; destruirá todas as cruzes; matará todos os porcos; destruirá o Anticristo e reinará em paz por 40 anos. Alguns afirmam que ele casará, terá filhos e finalmente morrerá, e será sepultado em Medina, ao lado do Profeta Maomé.
Como podemos responder ao segundo ataque?
Pode-se ponderar acerca de qual Jesus os muçulmanos estão falando, em contraste com o dos evangelhos. A partir daí vemos que o Jesus corânico e das tradições islâmicas é um Jesus fabricado e fictício parecido com Maomé! O Corão é material de origem tardia que está, historicamente, muito longe de Jesus.
Também se pode argumentar que Maomé e seus seguidores estavam cercados por nestorianos, cristãos orientais, que acreditavam que Jesus era um homem escolhido por Deus e por monarquianistas que criam que Deus não tinha filho. Isto pode ter influenciado grandemente a visão do profeta e de seus seguidores a respeito de quem era Jesus.
3º ataque: Jesus não foi crucificado
Sura 4:157, “e por dizerem: Matamos o Messias, Jesus, o filho de Maria, o Mensageiro de Allah embora não sendo, na realidade, certo que o mataram, nem o crucificaram, senão que isso lhes foi simulado.”
Os muçulmanos negam a crucificação de Jesus com o argumento de que Allah, de maneira nenhuma, permitira que um profeta seu morresse dessa forma, pois seria uma desonra. Eles creem, ainda, que Allah elevou Jesus para junto de Si, de modo milagroso, e que outra pessoa, talvez Judas Iscariotes, ocupou secretamente o lugar d´Ele na cruz.
Como podemos responder ao terceiro ataque?
Problema moral e filosófico:
Caso fosse verdade que Jesus não foi crucificado, Allah teria enganado de modo ardiloso os seguidores de Jesus, sua mãe, seus amigos, além de todas as demais gerações seguintes de cristãos. Teria infligido dor a muitas pessoas desnecessariamente e atualmente dois bilhões de cristãos estariam enganados.
Até mesmo o apóstolo Paulo afirmou que ele foi crucificado: “Nós pregamos a Cristo crucificado”. (1 Cor 1:23) segundo ele, a ressurreição de Cristo é a nossa esperança e a prova de que a Sua mensagem veio de Deus. Talvez por isso o Islã negue a crucificação, pois se não houve morte não poderia haver ressureição. Dessa forma, como já disse Paulo, seria vã a nossa pregação.
Podemos afirmar que Jesus foi crucificado:
Temos os evangelhos como fontes históricas primárias: a crucificação é relatada nos quatro.
A crucificação é confirmada por inimigos dos primeiros cristãos. Exemplo: Cornélio Tácito (56-120 d.C.), historiador romano; Flávio Josefo (37-100 d.C.) historiador que relata sobre a morte de Cristo em ‘A Guerra dos Judeus’ ( 75-80 d.C.) e ‘A História dos Judeus’ (anos 90) e o Talmud, último registro das discussões rabínicas.
A crucificação não pode ser considerada um mito, pois leva gerações para que um mito possa se desenvolver plenamente e não há registros, em qualquer tipo de literatura, de um mito estruturando-se na presença de tantas testemunhas oculares e em um tempo tão curto quanto o tempo que o Novo Testamento gastou para ser escrito.
Em contraste com o Corão, a Bíblia afirma que Jesus foi crucificado e ressuscitou dentre os mortos.
4º ataque: Jesus não é divino e nunca disse ser divino, ele é apenas um profeta
Sura 4:171 “Oh, povo do Livro, não exagereis em vossa religião. O Messias, Issa, Jesus, filho de Maria, foi apenas um mensageiro de Allah. Portanto, crede em Allah, em seus mensageiros, e não digais ‘trindade’, abstende-vos, será melhor para vós, Allah é o único deus.”
Para os muçulmanos Jesus foi um homem ou ser humano comum, sua única diferença foi ter sido escolhido como mensageiro de Allah. Ele é um profeta como os demais e está abaixo de Maomé. Segundo eles, Jesus nunca afirmou ser Deus ou filho de Deus.
Como podemos responder ao 4° ataque?
O Novo Testamento apresenta Jesus de forma diferente: Jesus é eterno e cria todas as coisas. (João 1:1-3 / Col 1:16-17), recebeu adoração (só Deus devia ser adorado ,Mc 2:2,8,11; 14:33; Mateus 28:9,17; João 9:35-37), é onipresente (Mt 28:20), perdoa os pecados em (Mt 9:1-7, Lc 5:20; 07:48), é a imagem do Deus invisível ( Hb 1:03.), orações são feitas a Jesus (Atos 7:54-60), Jesus disse: “EU SOU a Ressurreição e a Vida”( João 11:25), descreve a si mesmo usando vários títulos e conceitos usados no Antigo Testamento apenas para se referir a Deus, finalmente ele é chamado de Deus pelos escritores do Novo Testamento.
Alguns muçulmanos podem argumentar: Por que ele não apenas disse: “Eu sou Deus”? Mas ações de Jesus declaravam isso, os judeus entenderam isso, por essa causa ele foi crucificado.
O Islã tem essa visão de Jesus por causa de sua visão sobre Deus: Alá é distante, isolado, secreto, impessoal e caprichoso, apenas comunica sua vontade. Os muçulmanos se referem a um deus que é primeiramente temido. Allah não ama os que não creem nele. Não se relaciona com os seus fieis, jamais morreria por eles.
A rejeição da divindade de Cristo fundamentalmente anula o único fundamento de esperança para a salvação eterna. Não pode ser aceita.
Conclusão
Então, quando os muçulmanos perguntarem “Você crê que Jesus é Deus?” pode-se responder: Se eu acho que Ele é Allah, tal como apresentado no Alcorão? Não. Se eu acho que Jesus é o Senhor, tal como apresentado em toda a Bíblia? Sim.
Todas as seitas têm início com distorções e mentiras sobre Jesus. O problema básico é que eles estão muito distantes dos acontecimentos da vida de Cristo. As Escrituras cristãs são confiáveis. A melhor maneira de defender a fé em Cristo é vir a conhecer profundamente o Jesus da história.
Texto baseado no material de estudo das disciplinas: Apologética ao Islã e Temas e desafios islâmicos da atualidade. Ambas ministradas pela Universidade Missão Mundo Muçulmanas (UM3).