Por: Vanessa Miranda
Pode ser que você tenha pais que o ensinaram e incentivaram desde pequeno a fazer parte do cumprimento da missão de Deus nesta terra, que sempre apoiaram seu chamado. Porém, para muitos cristãos nem sempre é fácil compartilhar com sua família a vontade de ir aos locais mais inóspitos do planeta levar a mensagem da cruz.
Muitos de nossos pais são cristãos sinceros, apaixonados pelo Senhor, mas ainda assim, pessoas criadas dentro de uma cultura ocidental de relativa liberdade, prosperidade e paz, que ficam absolutamente aterrorizados com a situação de perseguição religiosa, miséria, guerras, ausência de condições de higiene e saneamento a que estão acostumados.
Os atentados terroristas diuturnamente praticados por militantes do Estado Islâmico, por exemplo, como a decapitação de inúmeros cristãos; as guerras civis e a fome extrema em muitos países da África; a possibilidade de contaminação por doenças em meio a tribos indígenas vão contra o instinto básico de proteção que os pais sentem em relação aos seus filhos e atemorizam seus corações.
A verdade é que, em nossa cultura, comumente os pais criam seus filhos para “ganhar o mundo” e não para perderem suas vidas por amor a Cristo. Então, quando o Senhor abre nossos olhos e toca nossos corações com a vontade de espalharmos Seu evangelho e levarmos Seu amor aos locais mais longínquos desta terra, muitos de nós começam a travar uma batalha interna, que tem seu âmago em dois textos bíblicos bem conhecidos.
No livro de Êxodo, entre os dez mandamentos, encontra-se a prescrição divina de “honrar teu pai e tua mãe, a fim de que tenhas vida longa na terra que o Senhor, o teu Deus, te dá” (Ex. 20:5). Por outro lado, o próprio Jesus disse aos seus discípulos que “Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim. E aquele que não toma a sua cruz e não me segue, também não é digno de mim” (Mt. 10:37 e 38).
Diante do que parece uma contradição entre os textos bíblicos, muitos cristãos acabam não sabendo como comunicar sua vontade aos pais e o que fazer diante da reação; e até mesmo da negativa dos mesmos. É sim muito importante honrarmos e obedecermos nossos pais, por isso devemos em primeiro lugar orar por eles, para que o Espírito Santo lhes fale como fez conosco, toque seus corações e mude seus pensamentos. E devemos orar por nós mesmos, para que o Senhor nos dê a direção e a sabedoria para compartilharmos sobre nosso chamado.
Devemos ter compaixão, amor, zelo e cuidado por nossos pais e compartilhar de forma sincera e franca o desejo que o próprio Senhor despertou em nós de O seguirmos até os confins da terra. Devemos pedir a bênção deles e seguir buscando recebê-la.
Mas devemos, acima de tudo, buscar honrar ao Senhor e obedecê-Lo, cumprindo a Sua vontade para nós e sabendo que Ele está no controle da nossa vida, da nossa família, dos nossos planos e sonhos. Se Ele nos chamou, nos capacitará, sustentará, instruirá e nos dará a sabedoria necessária para cumprimos nosso chamado. Devemos honrar nossos pais e buscar obedecê-los, mas, em primeiro lugar, devemos amar ao Senhor e obedecê-lo, antes de tudo, pois como nos ensinaram Pedro e os demais apóstolos “mais importa obedecer a Deus do que aos homens” (Atos 5:29).